OS REFLEXOS DO ENTENDIMENTO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: ANÁLISE DOS CASOS LEI DA ANISTIA E QUILOMBOLAS

Autores

  • Fabrício Veiga Costa UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
  • Marina Garcia Valadares UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

DOI:

https://doi.org/10.25245/rdspp.v9i3.762

Palavras-chave:

Jurisdição Internacional, Sistema Interamericano de Direitos Humanos, Controle de Convencionalidade, Lei da Anistia, Quilombolas.

Resumo

O presente artigo visa analisar a os reflexos do entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos nas decisões do Supremo Tribunal Federal, nos casos específicos da Lei da Anistia e Quilombolas. Foi analisado o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, bem como o controle de convencionalidade realizado pela Corte Constitucional. A escolha do tema se justifica pela sua relevância teórica, prática e atualidade, especialmente pelos desafios quanto à efetivação dos direitos humanos no Brasil. Por meio da pesquisa bibiográfica e documental, análises temáticas, teóricas, interpretativas e comparativas, foi possível demonstrar criticamente que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 153, reconheceu constitucional a lei de anistia, contrariando os direitos humanos ao legitimar o perdão de todos os militares e agentes estatais que torturaram, mataram e ocultaram cadáveres de pessoas no período da ditadura militar no Brasil. Demonstrou-se, ainda, a omissão do Estado brasileiro em garantir o direito de propriedade e a proteção do patrimônio cultural imaterial das comunidades quilombolas, haja vista a burocratização dos processos que buscam reconhecer o direito de propriedade, algo que desencadeia o aumento dos conflitos e violações dos direitos humanos dessas pessoas.

Biografia do Autor

Fabrício Veiga Costa, UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

PROFESSOR PERMANENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIVERSIDADE DE ITAÚNA (DOUTORARO E MESTRADO)

- PÓS-DOUTORANDO EM PSICOLOGIA PELA PUCMINAS

- PÓS-DOUTOR EM EDUCAÇÃO PELA UFMG

- DOUTORADO E MESTRADO EM DIREITO PROCESSUAL PELA PUCMINAS

- ESPECIALISTA EM DIREITO EDUCACIONAL; DIREITO DE FAMÍLIA e DIREITO PROCESSUAL PELA PUCMINAS.

- BACHAREL EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.

Marina Garcia Valadares, UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

Mestranda em Direitos Fundamentais pela Universidade de Itaúna. Linha de Pesquisa Direito Processual Coletivo e Efetividade dos Direitos Fundamentais. Especialista em Direito Civil Aplicado pela PUC MINAS. Advogada. E-mail: melgvaladares@gmail.com

Referências

ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro, Documentário, 1979.

BADENI, Gregório. La Corte Interamericana de Derechos Humanos como instancia judicial superior a la Corte suprema de Justicia de La nación. In: Se há conventido la Corte Interameticana de Derechos Humanos en una cuarta instancia? Buenos Aires, La Ley, 2009.

BASTOS, Marcelo dos Santos. Da inclusão das minorias e dos grupos vulneráveis: uma vertente eficaz e necessária para a continuidade da ordem jurídica constitucional. Revista Brasileira de Direito Constitucional – RBDC. n. 18. jul.-dez. 2011.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo – Os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 5.ed. São Paulo – SP: Editora Saraiva, 2015.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 26.ed., atual. São Paulo: Editora Malheiros, 2011.

CANTOR, Ernesto Rey. Control de conveniconalidad de las leys y derechos humanos. México, D.F.: Porruá, 2008.

CIDH. Caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs. Brasil, Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, sentença de 24 de novembro de 2010, Série C, n. 219. Disponível em http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf. Acesso em 12 dez 2019.

CIDH. Observações preliminares da visita in loco da CIDH ao Brasil. Disponível em https://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2018/238OPport.pdf. Acesso em 27 dez 2019.

CLÈVE, Clèmerson Merlin. A eficácia dos direitos fundamentais sociais. Revista Crítica Jurídica, Curitiba, n. 22, p. 17-29, jul./dez. 2003.

COSTA, Fabrício Veiga. Hermenêutica Constitucional Dos Direitos Fundamentais. Revista do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, v. 12, p. 169-184, 2006.

DENÚNCIA À CIDH. Organizações quilombolas. 2018. Disponível em https://terradedireitos.org.br/uploads/arquivos/denuncia-CIDH.pdf. Acesso em 5 jan 2020.

DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 6ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.

GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Crimes da ditadura militar e o Caso Araguaia: aplicação do direito internacional dos direitos humanos pelos juízes e tribunais brasileiros. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 49-72.

GRABOIS, Victória. A Guerrilha do Araguaia e a Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Revista Transversos. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/transversos/article/view/33665. Acesso 03 jan 2020.

GONÇALVES, Joanisval Britto. Tribunal de Nuremberg 1945-1946: A Gênese de uma Nova Ordem no Direito Internacional. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

GUERRA, Sidney. A importância da corte interamericana de direitos humanos para a proteção do indivíduo no continente americano. Publica direito. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=05049e90fa4f5039. Acesso em 03 jan. 2020.

GUERRA, Sidney. Direito internacional dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2011.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 9.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Tratados internacionais de direitos humanos e direito interno. São Paulo: Sarai¬va, 2010, p. 214.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. O controle jurisdicional de convencionalidade das leis. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

MORAIS, Alexandre de. Curso de Direito Constitucional. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

NAÇÕES UNIDAS. DIREITOS A1:B10 Os Direitos das Minorias. Tradução. Gabinete de Documentação e Direito Comparado. Ficha informativa n.º 18. Lisboa, out. 2008. Disponível: http://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/pdf/ficha_informativa_18_direitos_minorias.pdf. Acesso: 20 jan. 2020.

OLIVEIRA, Marcus Vinícius Amorim de. Por uma teoria dos direitos fundamentais e sua aplicação no Júri Popular. Jus Navigandi. Teresina, a. 4, n. 37, dez. 1999. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/ texto.asp?id=1072>. Acesso em: 1 dez. 2019.

PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz. Memória social da Guerrilha do Araguaia e da guerra que veio depois. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 6, n. 3, p. 479-499, set.-dez. 2011. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/3940/394034994002.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e direito constitucional internacional. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PIOVESAN, Flávia. Introdução ao sistema interamericano de proteção dos direitos humanos: direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

RAMOS, André de Carvalho. Responsabilidade internacional do Estado por violações aos direitos humanos. R. CEJ, Brasília, nº 29, p. 53-63, abr./jun.2005. Disponível em http://www2.jf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewFile/663/843. Acesso em 25 nov 2019.

RUSSOWSKY, Iris Saraiva. O controle de convencionalidade das leis: uma análise na esfera internacional e interna. Revista do Caap. Belo Horizonte: UFMG. 2012. Disponível em: <<https://revistadocaap.direito.ufmg.br/index.php/revista/article/viewFile/305/294>. Acesso em: 11 dez . 2019.

SANTO JÚNIOR, Jamiro Campos dos; SILVA, João Romário Gomes da; ZAGANELLI, Margareth Vetis. Mistanásia: ineficiência de políticas públicas, violência e vulnerabilidade social. Revista Linkscienceplace - Interdisciplinary Scientific Journal, Nº 5, v. 4, article nº 3, October/December 2017. Disponível em: < http://revista.srvroot.com/linkscienceplace/index.php/linkscienceplace/article/view/467/237>. Acesso em: 19 dez. 2019.

SARMENTO, Daniel. Territórios Quilombolas e a Constituição: A ADI 3.239 e a Constitucionalidade do Decreto 4.887/03. Disponível em: http://www.dsarmento.adv.br/content/3-publicacoes/24-territorios-quilombolas-e-constituicao-a-adi-3-239-e-a-constitucionalidade-do-decreto-4-887-03/territorios-quilombolas-e-constituicao.-a-adi-3.239-e-a-constitucionalidade-do-decreto-4.887-03-daniel-sarmento.pdf. Acesso em 29 dez. 2019.

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. Vol. 3. Porto Alegre: Editora Sérgio Antônio Fabbris, 2003.

TRINDADE CANÇADO, Antônio Augusto; ROBLES, Manuel E. Ventura. El futuro de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. 2. ed. rev. San Jose/Costa Rica: corte Interamericana de Direitos Humanos/ACNUR, 2004.

ZAMUDIO, Héctor Fix. Proteccion jurídica de los derechos humanos. Derecho constitucional para el siglo XXI : actas del VIII Congreso Iberoamericano de Derecho Constitucional / coord. por Manuel Carrasco Durán, Francisco Javier Pérez Royo, Joaquín Urías Martínez, Manuel José Terol Becerra, Vol. 1, 2006, ISBN 84-9767-692-0.

Downloads

Publicado

2022-02-02

Como Citar

Costa, F. V., & Valadares, M. G. (2022). OS REFLEXOS DO ENTENDIMENTO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: ANÁLISE DOS CASOS LEI DA ANISTIA E QUILOMBOLAS. Revista Direitos Sociais E Políticas Públicas (UNIFAFIBE), 9(3), 312–350. https://doi.org/10.25245/rdspp.v9i3.762

Edição

Seção

DOUTRINAS NACIONAIS