LINCHAMENTOS: O QUE QUEREMOS DIZER COM ISSO?

UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA

Auteurs

  • Luiz Augusto Santos Costa Universidade Federal de Sergipe
  • Eduardo Leal Cunha Universidade Federal de Sergipe

DOI :

https://doi.org/10.25245/rdspp.v11i2.1437

Mots-clés :

Linchamentos, Justiça coletiva, Violência coletiva, Inimigo

Résumé

Nosso trabalho debruçou-se sobre o fenômeno do linchamento, ação de violência coletiva que pune o(s) acusado(s) de transgredir(em) uma norma sociocultural. É uma das muitas praticas presentes na realidade brasileira, entretanto, mesmo estando presente desde o “descobrimento” do país e ainda sendo muito atual, apresenta literatura escarça e nenhuma política pública propositiva. Isso ocorre devido as dificuldades empíricas no trabalho com suas vítimas e agressores; da não tipificação por lei (gerando subnotificação das ocorrências) e pela invisibilização das vítimas. Frente a tais adversidades, objetivamos produzir uma revisão bibliográfica que encorpasse as discussões sobre o tema. Para tanto, nos guiamos por duas perguntas eliciadoras: “o que é um linchamento?” e “quais são suas principais motivações? As respostas estão categorizadas, descritas e analisadas ao longo desse artigo.

Bibliographies de l'auteur

Luiz Augusto Santos Costa, Universidade Federal de Sergipe

Possui graduação em psicologia pela Universidade Federal de Sergipe (2018), Mestrado na mesma Universidade (2020), trabalhou na sua dissertação o tema do linchamento, sob a orientação do Professor Doutor Eduardo Leal Cunha. Atualmente, trabalha no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) do Município de Graccho Cardoso-SE, em regime de servidor efetivo.

Eduardo Leal Cunha, Universidade Federal de Sergipe

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (1989), mestrado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Realizou Estágio Pós-Doutoral Sênior junto à École Doctorale Recherches en Psychanalyse et Psychopathologie de l'Université de Paris - Diderot (2015/2016) com apoio financeiro da CAPES e junto ao Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ (2010/2011) também com apoio financeiro da CAPES (Edital PROCAD/NF 2009). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Sergipe, atuando no Departamento de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia. É também Pesquisador Associado do CRPMS (Centre de Recherches Psychanalyse, Médecine et Société) - Université de Paris Cite. Foi Professor Convidado na Facultad de Artes y Humanidades da Universidad de Los Andes em Maio de 2017 e na Université de Paris VII - Diderot, de outubro a dezembro de 2017. Tem experiência na área de psicanálise com ênfase nas relações entre clínica, cultura e sociedade, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos teóricos da psicanálise freudiana; vínculos entre racionalidade, ética e processos de subjetivação; psicanálise, sexualidade e gênero; psicanálise e política; novas formas de subjetivação e novos vínculos afetivos; articulações entre a psicanálise e a obra de Michel Foucault. É membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos, da Sociedade Internacional de Psicanálise e Filosofia e da Rede Interamericana de Pesquisas em Psicanálise e Política. 

Références

BENEVIDES, Maria Victoria. Linchamentos: violência e ‘justiça popular’. In: DA MATTA, Roberto (org.) A violência brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1982. Disponível em: http://www.cedec.org.br/files_pdf/Aviolenciabrasileira.pdf.

BERTO, Vanessa de Faria & FELIX, Sueli Andruccioli, 2014. Linchamento: breve apreciação crítica do ato coletivo de punir. Revista do Laboratório de Estudos da Violência da UNESP/Marília – Edição 14 – novembro, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.36311/1983-2192.2014.v14n14.4208.

BERTOLDI, Maria Eugênia; MARTINS, Mari Aparecida & SANTOS, Larissa Fabiana Sales dos e SILVA, Leandro Augusto S. da. Teoria da anomia e a onda de linchamentos no Brasil. IV Jornada de Iniciação Científica e de Extensão Universitária, 2017. Disponível em: https://santacruz.br/revistas/index.php/JICEX/article/view/1183.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra – quando a vida é passível de luto? Tradução de Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha; revisão de tradução de Marina Vargas; revisão técnica de Carla Rodrigues – 4ª ed - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p.13-55. ISBN 978-85-200-0965-9.

CERQUEIRA, Daniel et al. (2017). Atlas da violência 2019. Brasília, DF: IPEA. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/downloads/8733-atlastdexpressversaofinal-2.pdf.

ENDO, Paulo Cézar. Corpo, cidade e violência. Palestra ministra no CEU Butantã em agosto de 2008, no âmbito do Projeto Direitos Humanos nas escolas, sob a coordenação do professor José Sergio Fonseca. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/educar/textos/paulo_endo_corpo_cidade_violencia.pdf.

FERRAGUT, GUILHERME. O linchado e a produção do corpo criminoso. Entremeios, v. 16, p. 229-242, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/325495771_O_linchado_e_a_producao_do_corpo_criminoso.

FONTELLA, A. (2018). “Jornalismo de sensações” e emoções: a repugnância nas cenas de linchamento da imprensa. Revista Cambiassu: Estudos Em Comunicação, 13(21), 23–39. Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/cambiassu/article/view/10411.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 38ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. ISBN: 978-85-326-0508-5.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Rio de janeiro, 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/25844-desigualdades-sociais-por-cor-ou-raca.html.

JÚNIOR, Humberto Ribeiro e VELOSO, Felipe Machado. O linchamento de Gilbercan Mezini e a narrativa midiática: notas sobre a transformação do indivíduo em homo sacer. Sociedade e Cultura, vol. 19, núm. 1, janeiro-junho, pp. 51-60, 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/703/70350679004.pdf.

LEAL, Fellipe Miranda e MARTIN, Denise. O linchamento em Morrinhos (boato, estigma e violência). Saúde e Sociedade, vol. 28, núm. 4, pp. 186-197, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/M8bkTdNnzSnPmvnKmSpPTTM/abstract/?format=html&lang=pt.

Linchamentos não são aleatórios e atingem mais pobres, defende pesquisadora, Agência Brasil, por Alex Rorigues,10 de maio de 2014. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-05/linchamentos-nao-sao-irracionais#:~:text=%E2%80%9CTanto%20que%20%C3%A9%20muito%20raro,m%C3%A9dia%2C%20quem%20cometa%20crimes%E2%80%9D.

MANSOLDO, Mary Cristina Neves. O linchamento ao redor do mundo: ocorrências no Brasil e no mundo a partir do ano 2000. Rev. C&Trópico, vol. 43, n. 2, p. 83-109, 2019. Disponível em: https://periodicos.fundaj.gov.br/CIC/article/view/1749/pdf.

MARTINS, José de Souza. Linchamentos: a justiça popular no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. ISBN: 978-85-7244-891-8.

MENDES, F. M. M., & de FREITAS, P. R. (2019). A ética jornalística na cobertura de um caso de linchamento no interior do acre. Aturá - Revista Pan-Amazônica de comunicação, 3(2), 158–171. Disponível em: https://doi.org/10.20873/uft.2526-8031.2019v3n2p158.

NATAL, Ariadne Lima. 30 anos de linchamentos na região metropolitana de São Paulo 1980-2009. São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-18042013-121535/pt-br.php.

PAVÃO, Bruna H. S. Menezes. Justiça marginal: sociabilidades complexas subjacentes às práticas de linchamento. Dissertação (Mestrado em Filosofia), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2010. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, p. 181, 2010. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/5279.

RIOS, José Arthur. Linchamentos: do arcaico ao moderno. Revista de Informação Legislativa, v. 25, n. 100, p. 207-238, out./dez. 1988. Disponível em: https://periodicos.fundaj.gov.br/CIC/article/view/425/311.

SINHORETTO, Jaqueline. Linchamentos: insegurança e revolta popular. Revista Brasileira de Segurança Pública. Ano 03. Edição 04, pp. 72-92 fev. / Mar de 2009. Disponível em: http://www.observatoriodeseguranca.org/files/artigo%20jaqueline.pdf.

SANTOS, Bruno Antônio Barros. O "bandicídio" e suas contradições - um código penal para chamar de meu? Disponível em: https://www.justificando.com/2018/06/29/obandicidio-e-%20suas-contradicoes-um-codigo-penal-para-chamar-de-meu/pdf.

SOUSA, Claudemir e SILVA, Francisco Vieira da. “Bandido bom é bandido morto”: a discursivização do linchamento como estratégia de controle social. Revista Intersecções, Edição 19, Ano 9, Número 2, maio/2016, p.116, 2016. Disponível em: https://revistas.anchieta.br/index.php/RevistaInterseccoes/article/view/1277.

SOUZA, Lídio de. Judiciário e exclusão: O linchamento como mecanismo de reafirmação de poder. Aná. Psicológica, Lisboa [online], v. 17, n. 2, pp. 327-338, 1999. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82311999000200009&lng=pt&nrm=iso.

THOMAZINI, Dâmares. Linchamento e desejo de morte: análise do caso Fabiane de jesus e o desapreço pelo outro. Curitiba, 2018. Disponível em: https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/62504/DAMARIS%20THOMAZINI.pdf?sequence=1.

Téléchargements

Publiée

2023-10-03

Comment citer

Santos Costa, L. A. ., & Leal Cunha, E. (2023). LINCHAMENTOS: O QUE QUEREMOS DIZER COM ISSO? : UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA. Revista Direitos Sociais E Políticas Públicas (UNIFAFIBE), 11(2), 311–340. https://doi.org/10.25245/rdspp.v11i2.1437

Numéro

Rubrique

DOUTRINAS NACIONAIS