ACESSO À JUSTIÇA E DECOLONIALIDADE: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO RÉU INDÍGENA NO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25245/rdspp.v10i1.904

Palavras-chave:

Acesso à Justiça, Decolonialidade, Réu Indígena.

Resumo

A pesquisa objetiva analisar o acesso à justiça e a decolonialidade, delimitando-se no réu indígena no Brasil. Questiona em que medida o acesso à justiça do réu indígena pode ser compreendido a partir das lentes da decolonialidade. O artigo, de caráter qualitativo, utiliza revisão bibliográfica, pesquisa documental e análise jurisprudencial. No primeiro capítulo, aborda o acesso à justiça e a necessidade de adoção de uma perspectiva decolonial. Depois, elenca os direitos específicos das pessoas indígenas. Em seguida, demonstra as violências perpetradas no âmbito do sistema penal. Por fim, apresenta a Resolução nº 287/2019 do Conselho Nacional de Justiça como possibilidade de incluir o diálogo intercultural ao tema proposto. Conclui que a Resolução do Conselho Nacional de Justiça, ao considerar o elemento étnico quando do exercício do direito fundamental social de acesso à justiça, pode contribuir para uma cultura de redução de violências e vulnerabilidades, bem como para a construção de sistemas de justiça mais democráticos e plurais.

Biografia do Autor

Bruno Rotta Almeida, Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Pelotas

Doutor (2016) e Mestre (2011) em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Estágio de Pós-Doutorado (2017-2019) em Criminologia e Sociologia Jurídico-Penal pela Universitat de Barcelona (UB). Graduado (2008) em Direito pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).Coordenador Adjunto e Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito - Mestrado em Direito da UFPel. Coordenador-Adjunto do Departamento de Sistema Prisional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Membro-fundador da Red Cono Sur de Investigación en Cuestión Penitenciaria (RCSICP). Membro da Red de Investigación Penitenciaria de las Américas (Americas Prison Research Network - APRN). Membro da Red de Historiadores e Historiadoras del Delito en las Américas (REDHHDA). Integrante do Grupo de Trabalho Sistema penal y cambio social do Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO). Integrante do Conselho da Comunidade da Execução Penal da Comarca de Pelotas/RS. Coordena o Libertas - Programa de Pesquisa, Ensino e Extensão em Punição, Controle Social e Direitos Humanos. Coordena e é advogado do Defensa - Assessoria Criminal Popular e da Clínica Jurídico-Penitenciária, da Faculdade de Direito da UFPel.

Bruna Hoisler Sallet, Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Pelotas

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Pelotas. Graduada em Direito pela mesma instituição, com mobilidade acadêmica internacional na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

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Publicado

2022-06-28

Como Citar

Almeida, B. R., & Sallet, B. H. (2022). ACESSO À JUSTIÇA E DECOLONIALIDADE: UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO RÉU INDÍGENA NO BRASIL. Revista Direitos Sociais E Políticas Públicas (UNIFAFIBE), 10(1), 95–126. https://doi.org/10.25245/rdspp.v10i1.904

Edição

Seção

DOUTRINAS NACIONAIS